quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dominguinhos: O mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes

Luca Vianni
Bom título pra começar uma breve reflexão, essa do francês Alexandre Dumas.

Então, que comecemos com a graça do encantamento musical com o pequeno José, nascido em Garanhuns, PE, filho do mestre Chicão - que além de sanfoneiro, era também afinador de sanfonas. Portanto, o moleque já trazia no sangue o DNA olimpiano de grande músico quando, com apenas nove anos, conheceu 
numa porta de hotel aquele que viria a ser o padrinho musical . Ora, diante de mestre com tamanha envergadura, tinha que somar a arte inata com a influência de Gonzagão. Deu no que deu.
Em quase 60 anos de labor musical, esse que também é um mestre imponderável da sanfona, forrozeiro incansável e um artista de respeito internacional que conquistou inclusive prêmios cobiçados por muitos em seu mister, nos proporcionou os mais inusitados e abundantes desejos, sensações e sentimentos próprios da idiossincrasia humana, embalando nossas noites em festanças sazonais ou não com exemplares únicos de sua produção ou parceria em celebrações intermináveis Nordeste e Brasil a fora. 
Agora, imagine-se encontrar em um só indivíduo o talento e a arte de compositor, arranjador, músico e, especialmente, um preservador da arte da sanfona. Com certeza, na prodigiosa safra desse talentoso conterrâneo há pérolas do mais puro enlevo musical como “Isso aqui tá bom demais”, em parceira com o incomparável Chico Buarque, ou “Eu quero um xodó”, com a segunda mulher Anastácia (Lucinete Ferreira).
Questão de saúde – dessas das quais não conseguimos nos livrar – levaram Dominguinhos pro Olimpo. Lá, onde estará chegando de volta pro aconchego, pois é imortal, certamente encontrará de braços abertos figuras de grande envergadura como o padrinho musical Gonzagão, Januário, mestres como o carioca Orlando Silveira, o catarinense Pedro Raymundo, o baiano Noca do Acordeom (Adauto P. Mattos) o paraibano Abdias dos Oito Baixos, a amiga e cantora Marinês, parceiros e arranjadores de grande calibre como o adorável Sivuca (Severino Oliveira) e tantos outros nordestinos cuja imagem musical se ofuscou diante da figura refulgente desse pernambucano ilustre. Deixa por aqui também outra pá de grandes amigos, grandes mestres e parceiros do mesmo naipe que ainda vão continuar nos proporcionando momentos inesquecíveis do mais puro deleite musical. 
José Domingos de Morais, Dominguinhos, deixa três grandes legados. O conjunto de sua extensa, agradável e encantadora obra. A lembrança de um artista simples do povo que soube levar o canto nordestino aos quatro cantos do mundo. E a inexpugnável saudade que fica entre os apreciadores, tietes incondicionais e parceiros e amigos mais próximos que nunca o esquecerão pelo ser humano que foi. Dominguinhos, com certeza, deixa na mala bastante saudade.
A palavra empolga e o exemplo ensina. A música encanta...

Luca Vianni

Para o amigo Antonio Manuel, essa humilde reflexão sobre o músico, arranjador, compositor e cantor Dominguinhos, com um pedido de desculpa pelo impacto da solicitação (assim de bate-pronto, meio “aparteirado”!!!). Pra mim, um puta desafio!
Espero estar atendendo a carinhosa solicitação.
Receba um abraço fraterno e pleno de energias positivas!!!

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Um comentário:

  1. Dominguinhos, enquanto músico e instrumentista, marcou gerações com seu talento. O fato de ser nordestino nos orgulha porque seu canto se espalhou planeta a fora. Tornou conhecida para o Brasil e para o mundo a forma nordestina de musicar, cantar e dançar que é só nossa. Alegre, irradiou seu contentamento por onde andou. Quase 60 anos ligaram o artista com o povo nos mais distantes rincões. Agora, no Olimpo, estica a festança com tantos outros feras que o esperavam pra continuar alegrando na festanças celestiais. Simples assim. Como era Dominguinhos entre nós...

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