quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Relação em Tempo x Espaço

Que são 10 anos?
Muitos dirão:
_nada!
Outros, mais cautelosos:
_alguma coisa, penso.
Os mais ousados, taxarão:
_é muita coisa, asseguro.
Quem se arriscaria a definir uma relação em tempo/espaço?
_ora, eu vos direi...
nas estrelas de Bilac, ou na Divina Comédia Humana de Belchior:
E eu vos direi, no entanto,
 Sonhadora inveterada que sou,
o amor é uma coisa mais profunda que isso ou aquilo,
mais que ouvir estrelas, percorrer a via láctea, cenas do Céu, Inferno ou Paraíso d’A Divina Comédia de Dante Alighieri, nas ilustrações de Gustave Doré, na cosmovisão medieval dos círculos concêntricos ou na arte das pinturas de Dalí e Botticelli.
Enquanto houver espaço, corpo e tempo e algum modo de dizer: Eu canto!
Diz, Cecília Meireles, o: Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
 
E abro as janelas, pálido de espanto...
 

E conversamos toda a noite, enquanto
 
A Via Láctea, como um pálio aberto,
 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
 
Inda as procuro pelo céu deserto.
 

Direis agora: "Tresloucado amigo!
 
Que conversas com elas? Que sentido
 
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
 

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
 
Pois só quem ama pode ter ouvido
 
Capaz de ouvir e entender estrelas"
Olavo Bilac

Divina Comédia Humana

Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol
Quando você entrou em mim como um Sol no quintal
Aí um analista amigo meu disse que desse jeito
Não vou ser feliz direito
Porque o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual
Aí um analista amigo meu disse que desse jeito
Não vou viver satisfeito
Porque o amor é uma coisa mais profunda que um transa sensual
Deixando a profundidade de lado
Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia
Fazendo tudo de novo e dizendo sim à paixão morando na filosofia
Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno
Viver a divina comédia humana onde nada é eterno
Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso
Eu vos direi no entanto:
Enquanto houver espaço, corpo e tempo e algum modo de dizer não
Eu canto

Belchior

São apenas ‘bodas de estanho ou zinco’
Ave! 09/08/2003 09/08/2013


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