sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Chico Buarque apoia Genuíno e recebe apoio e críticas em redes sociais

O dia em que Chico Buarque virou Geni*
Perplexos com apoio do compositor a Genoino, entre refletir e linchar, leitores escolhem o caminho fácil das pedras. Noves fora, Juca Kfouri e Beth Carvalho assinaram; adesões passam de 7 mil
Raras vezes se vê uma notícia perdida neste mundo de sobre informação causar tamanha perplexidade. A informação da RBA de que o compositor e escritor Chico Buarque aderiu ao abaixo-assinado em defesa do deputado José Genoino, réu da Ação Penal 470, o mensalão, expôs na internet uma enxurrada de sentimentos que falam muito sobre como os brasileiros enxergamos os políticos e desconfiamos do funcionamento das instituições democráticas – por consequência, da democracia em si.
Entre os quase 300 comentários feitos até ontem apenas em torno da reportagem da RBA, desconsiderando manifestações publicadas em outras páginas, xingamentos dominam, seguidos por elogios à atitude do cantor. Nas manifestações negativas reside o objeto digno de análise. Seria de se imaginar que a postura de Chico Buarque levasse a uma reflexão simples, banal: se ele está apoiando Genoíno, não seria bom que eu tentasse entender o porquê?
O propósito da lista organizada por amigos do deputado não é outro que não esse: o de mostrar que, pelo respaldo social de que goza frente às acusações que recebe, o ex-presidente do PT talvez devesse ter recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) outro tratamento. Sendo tarde para reverter a condenação, ao menos no todo, trata-se de um desagravo, na visão destes apoiadores, a alguém que recebeu uma pena injusta e que precisa ter sua honra resgatada.
Entre a reflexão e o linchamento, toma-se o caminho fácil das pedras nas mãos.
"O linchamento de Chico não preocupa. Mas, e as outras Genis que são apedrejadas todos os dias?"
Os comentários começam com perplexidade: “Isso não é possível.. Um cara com o intelecto do Chico não faria uma bobagem dessa...”
Transformam o compositor em vítima da desinformação: “Ô Chico, até tu entrou nessa. Espero que sua fama de "pé frio" se confirme. Fala sério!”
Partem para a difamação: “Pilantra. O pai fundou o PT, a irmã tinha cargo... entre outras coisas. A falsa esquerda que se deu bem na ditadura.”
Chegam ao melhor “eu já sabia” de que se tem notícia: “Lógico! Ele foi um dos apoiadores dessa corja. Gostava muito do Chico. Hoje não gosto mais.”
Vão à explicação sociológica: “O cara é talentoso, mas com certeza o sangue burguês fala mais alto nessas horas. Nenhuma decepção!”
E apelam à antropologia e à biologia: “Ótimo compositor, mas péssimo ser humano. Eu já conhecia esta faceta quando mostrou-se contra a ditadura na época. Nos livramos da ditadura e ganhamos José Dirceu, Dilma, Lula, Delubio, José Genoino, etc.... Ou seja, trocamos 6 por 15 dúzias”.
Ao observar o comportamento exposto em redes sociais, sempre é bom manter um pé atrás, mas, neste caso, conversas à mesa do bar, no almoço de domingo e nos ônibus da vida estão aí para mostrar que os comentários colocados neste microcosmo não estão isolados neste mundo. Não é de hoje que se debate sobre a tendência de generalizar a política – ou melhor, os políticos, sempre entendidos como aproveitadores profissionais, incapazes de ter contato com a realidade e insensíveis. Embora a visão não seja desprovida de fundamentos, a extrapolação desta visão é que é um problema, com impacto direto em nossa vida democrática.
Não é de se surpreender com o linchamento porque os comentários sobre a posição do compositor nada mais fazem que reproduzir o senso comum acumulado ao longo de décadas, e contemporaneamente tornados públicos de forma instantânea pela internet. É mais fácil andar com a manada do que parar para pensar.
Por Gláucia Lima
Compositor ligou de Paris para ratificar nome na lista
"NÓS ESTAMOS AQUI!" Só quem viveu este período de chumbo, ou tem a sensibilidade n'alma, sabe quão forte isso é...
Chico Buarque telefona para José Genoíno e assina carta de apoio ao deputado
O cantor Chico Buarque, considerado um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira (MPB), realizou um manifesto de apoio a José Genoíno na última segunda-feira. O nome de Chico apareceu na lista "Nós estamos aqui", uma carta que circula pela internet e desde o último dia 6 e será usada na defesa do parlamentar.
O ator José de Abreu também apoia José Genoíno. Também assinaram a carta virtual: 
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, o ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas de Moraes. O texto já foi enviado pela defesa de José Genoíno ao Supremo Tribunal Federal (STF) quanto continha apenas 4 mil assinaturas. Nesta terça-feira já são mais de 6.300 assinaturas.

A manifestação foi realizada às voltas da retomada do julgamento do ‘mensalão’, que rendeu em 2012 a Genoíno a condenação de 6 anos e 11 meses de prisão.
“Então ficamos assim: José Genuíno, vítima da tortura que o STF impediu que fosse apurada, apesar das provas serem abundantes, será condenado por corrupção, apesar de nenhum juiz apresentar prova alguma do q afirma.” Paulo Moreira Leite (Jornalista, autor de “Histórias da Resistência Civil à Ditadura”, já foi diretor de redação de ÉPOCA e Diário de São Paulo e redator-chefe de VEJA.) 




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