sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Juvenal Galeno: o Artista, a Casa de Juvenal Galeno e a Ala Feminina

Juvenal Galeno – o Criador da Poesia Popular Brasileira
27/09/1836  -  7/03/1931
Neto de Albano da Costa dos Anjos e do português Manuel José Theóphilo, Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza, a 27 de setembro de 1838, em uma residência na Rua Formosa, nº 66 (hoje Barão do Rio Branco). Filho de José Antônio da Costa e Silva e Maria do Carmo Teófilo e Silva, abastados agricultores cafeeiros na encosta da Serra de Aratanha em Pacatuba. Primo pelo lado paterno de Capistrano de Abreu e Clóvis Beviláqua e pelo lado materno de Rodolfo Teófilo. Ainda pequeno se mudou com a família para o Sítio Boa Vista, recanto aconchegante que lhe embalou os sonhos de criança. O tempo foi passando e o menino Juvenal trazia a seiva da imensurável ramificação cultural. Seus estudos primários ele os fez numa escola de Pacatuba.
na adolescência, com exatos 13 anos, fundou e fez circular o primeiro jornal puramente literário no Ceará, o “SEMPRE VIVA”, destinado ao sexo feminino. 
Aos treze anos de idade, já com noções de latim ministradas pelo padre Nogueira Braveza, mal havendo despertado para a adolescência, fundou e fez circular o primeiro jornal puramente literário no Ceará, o “SEMPRE VIVA”, destinado ao sexo feminino. O jornal teve efêmera existência, porque vivia ainda sob a tutela dos pais, não tinha condições de dar continuidade a esse empreendimento. Na infância, acompanhou o tio, Dr. Marcos Theóphilo, médico, pai de Rodolfo Theóphilo, à cidade de Aracati, onde frequentou uma escola pública ministrada por Porfírio Sabóia. Voltando de Aracati em 1853, matriculou-se no Liceu do Ceará onde cursou Humanidades até 1855.

fundou e fez circular o primeiro jornal da imprensa estudantil no Ceará, o jornal “Mocidade Cearense”.
Em 1853, fundou e fez circular o primeiro jornal da imprensa estudantil no Ceará, o jornal “Mocidade Cearense”, também de efêmera existência, em virtude, da transferência de seu sócio e colega Joaquim Catunda para o Rio de Janeiro.
Após o Curso, foi para o Sitio Boa Vista ajudar o pai na administração das atividades agrícolas, principalmente na cultura cafeeira, numa época em que o café assumia expressiva importância na economia cearense. Com o intuito de aperfeiçoá-lo em assuntos agrícolas, seu pai mandou-o para o Rio de Janeiro em busca de adquirir maior conhecimento nas técnicas do plantio do café. Levava consigo uma carta de recomendação de Rufino José de Almeida apresentando-o a Francisco Paula Brito, proprietário da Marmota Fluminense. Ali Juvenal Galeno travou relações de amizade com Machado de Assis, Saldanha Marinho, Joaquim Manoel de Macêdo, Quintino Bocaiúva e outros.
escreveu poesias e a publicava-as na Marmota Fluminense ao lado de Machado de Assis e outros escritores. Publicou-as em 1856, sob o título de "PRELÚDIOS POÉTICOS"

Prelúdios Poéticos” livro de estreia de
Juvenal Galeno, editado em 1856,
foi o 1º livro da literatura cearense
Seduzido pelo convívio das letras, passou, a partir de então, a escrever poesias e a publicá-las na Marmota Fluminense ao lado de Machado de Assis e outros escritores. Demorou no Rio pouco mais de um ano, mas antes de seu regresso ao Ceará reuniu tais produções, editando-as em 1856, sob o título de "PRELÚDIOS POÉTICOS".
De volta ao Ceará, Juvenal Galeno trouxe dois exemplares de “Prelúdios Poéticos”, ricamente encadernados com sua fotografia, que ofereceu a seus pais. “Prelúdios Poéticos” livro de estreia de Juvenal Galeno, editado em 1856, foi o primeiro livro da literatura cearense, tornando-se o marco inicial do Romantismo no Ceará, como afirmaram Mario Linhares, na sua “Historia da Literatura”, Antônio Sales e outros.
A partir de então sua existência passou a transcorrer entre o Sítio Boa Vista, na Serra de Aratanha, e a cidade de Fortaleza. Ainda por esse tempo ingressou como alferes nos quadros da Guarda Nacional, como também no Partido Liberal, em cujo jornal passou a colaborar. Em 1858 foi eleito Suplente de Deputado Provincial pelo círculo de Icó, onde defendeu um projeto para criação de uma escola prática de agricultura. Em 1859, desembarcava em Fortaleza, trazida a bordo do Tocantins, a célebre Comissão Cientifica de Exploração, dirigida por Freire Alemão, composta por doze pessoas, entre as quais se destacavam Raja Gabaglia, Capanema e o poeta Gonçalves Dias, que chefiava a Seção Etnográfica e Narrativa da Missão.
como Deputado Provincial pelo círculo de Icó, defendeu um projeto para criação de uma escola prática de agricultura
De Fortaleza rumaram para Pacatuba ficando hospedados na casa dos pais de Juvenal Galeno. Ali na serra e na capital cearense, Juvenal teve como amigo e conselheiro, Gonçalves Dias, que lhe estimulou os pendores literários, aliás, já manifestados nas poesias “A Noite de São João”, “A Canção do Jangadeiro”, “Cantiga do Violeiro” e outras mais do livro “Prelúdios Poéticos”. Gonçalves Dias, estabelecendo conversação com o poeta Juvenal Galeno, convidou-o para participar de um banquete com todos os membros da Comissão Cientifica de Exploração, do Senador Tomás Pompeu e de Silva Coutinho em Fortaleza. Juvenal Galeno atendeu de pronto ao convite do amigo, e em função do evento, deixou de comparecer à uma revista do Batalhão da Reserva do Exército a que pertencia. Isto irritou o Comandante da Guarda Nacional de Fortaleza, João Antônio Machado, que em seguida determinou o recolhimento do subalterno à prisão. A penalidade lançada a Juvenal Galeno trouxe como resultado a confecção de um livro severíssimo e duro contra o tal Machado e, esse trabalho ele publicou num volume, o qual deu o título de “A MACHADADA”, aproveitando o simbolismo do sobrenome de João Antônio Machado. Esse livro foi a primeira obra literária impressa no Ceará.
o livro “A MACHADADA” foi a primeira obra literária impressa no Ceará.
Juvenal Galeno também foi teatrólogo. “QUEM COM FERRO FERE COM FERRO SERÁ FERIDO” - comédia de sua autoria, esse drama sociológico foi a primeira peça teatral produzida e encenada no Ceará
Em 1861, Juvenal Galeno aparece em público como teatrólogo. É levada à cena, pela primeira vez, no [Teatro Taliense], 3 de novembro de 1861, a comédia de sua autoria intitulada “QUEM COM FERRO FERE COM FERRO SERÁ FERIDO”. Esse drama sociológico foi a primeira peça teatral produzida e encenada no Ceará. Nesse mesmo ano presenteou o público com o poemeto indianista denominado “A PORANGABA” (descrição em versos de uma lenda que Juvenal Galeno disse ter ouvido de um velho caboclo que escutara dos seus pais, e estes a seus maiores). A poesia de Juvenal Galeno reflete toda a psicologia da alma da gente humilde, digo da alma da população do nordeste em todas as modalidades do seu sentir, nos seus lances heroicos, infelizes ou gloriosos. Os sentimentos, os anseios dessa gente toda, da serra, praias e sertões, ele os gravou indelevelmente em seus versos.
o prólogo de “LENDAS E CANÇÕES POPULARES”, sua obra-prima, foi ovacionado por Machado de Assis e outros renomados escritores, o que atesta o valor nacional do vate montanhês, obra de arte em que se revelou o gênio do poeta, mas como documentário precioso devendo ser detidamente estudado, podendo se constituir um guieiro para a indagação e pesquisa dos usos, costumes e tradições populares. “Escrevi este livro acompanhando o povo no trabalho, no lar, na política, na vida particular e pública, na praia, na montanha e no sertão, onde ouvi os seus cantos e os reproduzi, ampliei sem desprezar a frase singela, a palavra de seu dialeto, a sua metrificação e até o seu próprio verso” Juvenal Galeno, sobre a obra
Em 1865, no prólogo de “LENDAS E CANÇÕES POPULARES” (obra-prima de Juvenal Galeno que foi ovacionado por Machado de Assis e outros renomados escritores, o que atesta o valor nacional do vate montanhês), ele declarou: “Escrevi este livro acompanhando o povo no trabalho, no lar, na política, na vida particular e pública, na praia, na montanha e no sertão, onde ouvi os seus cantos e os reproduzi, ampliei sem desprezar a frase singela, a palavra de seu dialeto, a sua metrificação e até o seu próprio verso”. Franklin Távora considerou-o não só como uma obra de arte em que se revelou o gênio do poeta, mas como documentário precioso devendo ser detidamente estudado, podendo se constituir um guieiro para a indagação e pesquisa dos usos, costumes e tradições populares. O amor e a dedicação de Juvenal às Letras eram tais, que só aceitava empregos no setor intelectual.
gostava do convívio das crianças, orientava as professoras e tanto se fez a esse meio que chegou a compor singelas e tocantes “CANÇÕES DA ESCOLA”, que foram impressas e distribuídas nas escolas para serem cantadas. Esse livro que se esgotou em poucos dias, consagrou-o, também, como "Poeta da Juventude". Essa obra foi adotada pelo Conselho de Instrução Pública do Ceará para uso das aulas primárias.
Desempenhou as funções de Inspetor Escolar, numa época em que os transportes eram difíceis, penosos. Só havia acesso a certos lugares por meio de animais, fazendo-se o percurso de léguas, debaixo de uma soalheira causticante de uma escola para outra, tal a distância em que ficavam localizadas. Estradas inteiramente desertas. Contudo ele trabalhava com prazer e não sentia fadigas, gostava do convívio das crianças, orientava as professoras e tanto se fez a esse meio que chegou a compor singelas e tocantes “CANÇÕES DA ESCOLA”, que foram impressas e distribuídas nas escolas para serem cantadas. Esse livro que se esgotou em poucos dias, consagrou-o, também, como "Poeta da Juventude". Essa obra foi adotada pelo Conselho de Instrução Pública do Ceará para uso das aulas primárias.
das poesias infantis de Juvenal Galeno, tive a grata satisfação de ser convidada pelo GTC – Grupo de Tradições Cearense, gravei Cajueiro Pequenino, no CD Areia do Mar alusivo aos 30 anos do Grupo (em 2012 completou 45 anos)
Nessa sua tarefa de Inspetor da Instrução Pública, ele se hospedava sempre em casa do velho pescador João Gomes, homem humilde, casado e com vários filhos, residente em Freixeiras. Numa destas ocasiões, Juvenal ouviu a narração dos sofrimentos que assaltaram inopinadamente o pescador e sua mulher, devidos à perseguição cruel de um potentado que, por vingança, aprisionara para o recrutamento militar o seu genro querido, deixando ao desamparo e na maior dor a esposa e o filho recém-nascido. Indignado, Juvenal tomou a si, com o entusiasmo que sentia na defesa das causas justas, retirar Vicente do recrutamento. Jurou que o conseguiria, afirmou destemido ao velho pescador que livraria seu genro e retornou logo a Fortaleza para não perder tempo. Escreveu então a seu cunhado e amigo Dr. José Gonçalves da Justa, que ocupava importante cargo no Rio de Janeiro, pedindo-lhe a liberdade de Vicente como o maior favor que lhe poderia prestar. O poeta era queridíssimo de toda família e seu cunhado conseguiu satisfazer-lhe o pedido. Inspirado nessa verdadeira e altamente comovedora cena da vida real, escreveu ele o conto intitulado “AMOR DO CÉU” enfeixado no seu livro “CENAS POPULARES“ editado em 1891.
Sobre “Cenas Populares” disse José de Alencar: “ livro tão original ainda não se escreveu entre nós”. Ao invés do verso, o autor preferiu a prosa em que descreve lugares, pessoas, costumes típicos de sumo interesse para o folclore em alguns contos singelos: “Os pescadores”, “Dia de feira”, “Folhas secas”, “Noite de núpcias”, etc. Esse livro foi o primeiro livro de conto publicado no Ceará.
Juvenal Galeno montou uma tipografia expressamente para impressão de “LIRA CEARENSE”, livro impresso em fascículos e distribuídos aos domingos em formato de jornal, com o mesmo título, Lira Cearense, com seu primeiro número circulando a 7 de janeiro de 1872. Fascículos depois reunidos em um volume, dividido em três partes: Lira Popular, Lira Americana e Lira Íntima.
Foi nomeado em 19 de maio de 1876 terceiro suplente do Juiz Municipal de Pacatuba. Naquele ano casou-se com sua vizinha Dona Maria do Carmo Cabral , filha do Comendador Cabral de Melo. Depois de alguns anos, Juvenal e sua esposa querendo proporcionar uma melhor educação para os três filhos: José, Antônio e Maria do Carmo, deixam o sítio e vão morar num sobrado da Vila de Pacatuba. Até 1886, o seu domicílio seria a Vila de Pacatuba, em cujas ruas mantinha um estabelecimento de lojista. Em 1887 fixa residência em Fortaleza, na Rua General Sampaio 1128, ali nascendo João, Henriqueta e Júlia. Em 1887 quando da fundação a 4 de março do Instituto do Ceará, foi considerado Sócio Fundador daquela entidade. Dois anos depois, em 1889 foi nomeado pelo presidente da Província de Fortaleza, Caio Prado, para a função de Diretor da Biblioteca Pública, então localizada na Rua Sena Madureira, cargo que ocupou por longos dezenove anos. Nesta função divertia-se em policiar a leitura dos estudantes tirando-lhes das mãos as obras de Júlio Verne substituindo-as pela História de um Bocadinho de Pão. Juvenal Galeno costumava dizer, amava aquela repartição como se fosse um de seus próprios filhos.
27/09/1836  -  7/03/1931
O Conde D”Eu quando por aqui passou antes da inauguração do regime republicano, comparecendo à recepção que lhe foi oferecida, em palácio, pelo presidente da Província, foi apresentado ao nosso poeta. E para espanto da altas figuras ali presentes, o genro do imperador em voz alta, recitou, naturalmente querendo dar provas de que já conhecia muitas de suas poesias, algumas estrofes de “O Filho do Vaqueiro”. Juvenal por algum tempo escreveu no Jornal “A CONSTITUIÇÃO”, um dos mais lidos no século XIX, em Fortaleza. Suas crônicas eram verdadeiras caricaturas dos costumes então em uso, e assim, ora em versos tersos e vibrantes, ora em prosa causticante, ele combatia a torto e direito os vícios e abusos daquela época. Acastelava-se por identificar o autor, e “A CONSTITUIÇÃO” aumentava a tiragem, esgotando-se, tal era a procura. O poeta mostrou-se, nesse gênero, de uma verve admirável, e ora enérgico e destemido, ora trocista e brincalhão, ia fazendo cócegas e irritando aqueles em cuja cabeça a carapuça tão bem se ajustava. SILVANUS, com sua verve inesgotável, marcou um acontecimento no mundo social, e ele soube se haver com tal inteligência e habilidade, que não feriu diretamente a este ou aquele. E o sucesso foi tamanho que, quando o poeta deu por finda a sua publicidade, recebeu pedidos insistentes para enfeixar em livros aquelas produções. A princípio não quis fazê-lo, mas acabou cedendo, e eis, erecto e altivo o “FOLHETINS DE SILVANUS”, editado e descoberto em 1891 para gáudio de seus numerosos leitores. “Folhetins de Silvanus” é uma fina sátira dos costumes, hábitos, fielmente observados e descritos com um humorismo encantador. A maior parte do livro foi escrita em verso, em que estigmatizava o luxo, o pedantismo provinciano, a falsa ciência dos diletantes, em plena Fortaleza do século XIX. Aos setenta e três anos de idade, atacado de glaucoma, aposentou-se do serviço público, já irremediavelmente cego, isso em 1908, passando a viver da aposentadoria, dos rendimentos próprios auferidos não só da produção de seu sítio como dos aluguéis de suas vinte casas. Em 1897, Juvenal Galeno dita à sua filha Henriqueta os seus versos de “Medicina Caseira”, livro somente impresso em 1969, no cinquentenário de fundação da Casa de Juvenal Galeno.
Continuou a produzir ditando poemas para sua filha, Henriqueta Galeno que o assistiu, juntamente com sua esposa, até o fim da vida. Uma de suas imagens mais conhecidas retratou esse momento: no salão de sua residência, sentado em uma rede de varandas bordadas, as barbas alvas e longas, o olhar perdido, e a filha ao lado, sentada em uma cadeira, a tomar nota dos últimos versos ditados pelo grande bardo.
Artistas e Intelectuais fizeram da Casa de Juvenal Galeno
a tribuna onde defenderam suas ideias e sonhos.
Desde 1916, a residência do poeta era frequentada por intelectuais como Alfredo Castro, Cruz Filho, Leonardo Mota, Mário Linhares, Antônio Furtado, Irineu Filho, Antônio Sales, José Albano, Beni Carvalho, Papi Júnior, Sales Campos, José Sombra, entre outros. Atribui-se às irmãs Júlia e Henriqueta Galeno a ideia de reunir o escol das letras cearenses, nos moldes dos salões literários franceses. Por iniciativa delas, a Casa se constituiu um palco de recitais, palestras, conferências, números de canto, audições ao piano, concertos de violões e danças. Tais eventos se realizavam a propósito de qualquer ocasião: despedidas, homenagens, aniversário de membros do círculo, lançamento de livros e recepção a visitantes ou intelectuais que tornavam à capital cearense, depois de longa ausência. Tudo era motivo para as sessões literárias que se realizavam na Casa de Juvenal Galeno, em presença do velho poeta, que não tomava parte nas apresentações, mas, segundo apontavam, fazia questão de ouvi-las. Juvenal Galeno faleceu de uremia em 7 de março de 1931, aos noventa e cinco anos de idade, deixando como herança para Fortaleza uma volumosa e valiosa produção literária, a democracia de seus Salões, a riqueza de sua biblioteca e a Casa onde residem a memória e a tradição da cultura cearense.
Nesse espaço cultural foi criado em 1969 o Clube dos Poetas Cearenses pelo poeta Antônio Carneiro Portela – agremiação de jovens sonhadores que se reuniam aos sábados. Foi ali que diversos jovens – com talento para as letras – iniciaram, e hoje figuram na lista dos principais autores da literatura cearense. Dentre os jovens idealistas que frequentavam a Casa, destacam-se – Carneiro Portela, Márcio Catunda, Vicente Freitas, Guaracy Rodrigues, Mário Gomes, Stênio Freitas, Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, Costa Senna, entre outros. A escritora Nenzinha Galeno, neta do ilustre poeta Juvenal Galeno, era uma das maiores incentivadores desse movimento sociocultural.
  
a Ala Feminina congrega a cultura da mulher cearense.
Iniciativa da filha Henriqueta Galeno
considerada bastante audaciosa pra época
Casa de Juvenal Galeno e a Ala Feminina
A idéia de criar a Casa foi concebida em 1919, quando o poeta ainda vivia, por Henriqueta Galeno, que dava assim o testemunho do amor e dedicação que tinha ao pai, abandonando, inclusive a seu pedido, a carreira de jurista.
No aniversário do poeta, 27 de setembro daquele ano, ocorreu a fundação do Salão Juvenal Galeno no mesmo endereço residencial do poeta. No salão, eram apresentadas a um público seleto e numeroso, não só escritores, poetas e artistas locais, como aqueles de outras procedências que visitavam a capital cearense. Em breve tempo tornou-se famoso, por suas palestras e reuniões que atraiam os mais dignos nomes das letras no Ceará, com Mário da Silveira, Dolor Barreira, Filgueiras Lima, Euclides da Cunha, Patativa do Assaré, Raquel de Queiroz, Demócrito Rocha, Quintino Cunha, entre outros, que fizeram da Casa a tribuna onde defenderam suas ideias e sonhos.
A semente plantada naquele ano tomou proporções gigantescas, pelo seu objetivo exemplar de manter aceso o gosto pelas letras e estimular os jovens que já se iniciavam em tímidas reuniões de grêmios estudantis, e em 1936, cinco anos após a morte do ilustre cearense, Henriqueta inaugurou o salão nobre da instituição, que a partir de então, passou a chamar-se Casa de Juvenal Galeno e que, tem prestado incontáveis serviços à vida intelectual do Ceará, sob a orientação incansável de Henriqueta Galeno e posteriormente por Cândida (Nenzinha), Alberto, Amilcar e atualmente pelo bisneto do poeta, Antônio Galeno.
A Casa de Juvenal Galeno é hoje uma instituição oficial de cultura, reconhecida pelo Governo, graças aos esforços contínuos e pertinazes da filha do poeta, essa culta, brilhante e dinâmica Henriqueta Galeno, que todo Ceará conheceu. A fundação de tão admirável instituto que cultua a memória do vate cearense realizou-se a 27 de setembro de 1919, quando ele ainda vivia, como simples Salão Juvenal Galeno, onde eram apresentados a um público seleto, sempre numeroso e atento, aplaudidos e estimulados, não só escritores, poetas e artistas locais, como aqueles de outras procedências que visitavam a capital cearense. Esse notável salão literário teve horas verdadeiramente triunfais e a ação de Henriqueta Galeno através dele se fez sentir admiràvelmente na elevação e no desenvolvimento do meio intelectual da cidade. Tornou-se no decurso dos anos um foco irradiante de cultura, bom gosto e espiritualização, vencendo todos os óbices duma época irreverente e materialista.
A Casa possui no corredor da entrada, duas estátuas de mármores que recepcionam os visitantes – uma representando a música e a outra, a maternidade.
No vasto Salão Alberto Galeno, há um mobiliário antigo de luxo, fotos, livros, diplomas, certificados e comendas da família Galeno.
Na Sala dos Espelhos, decoram o ambiente uma ampla marquesa, espelhos de cristais, consolos de mármore, cadeiras de palhinhas, mesas de mármore, bustos de Goethe e Schiller, uma escrivaninha de Juvenal Galeno e um móvel envidraçado onde estão guardados objetos de uso pessoal do poeta.
A Casa possui dois grandes auditórios: O principal, chamado Henriqueta Galeno, tem capacidade para 120 pessoas e dispõe de um palco com um piano de meia cauda e obras do pintor Otacílio Azevedo. O outro auditório – chamado Nenzinha Galeno - é ao ar livre, sombreado por frondosas mangueiras, com capacidade, também, para 150 pessoas.
Nos auditórios da Casa de Juvenal Galeno, muitas das grandes vozes do Ceará e do Brasil se têm feito ouvir em memoráveis sessões. Além de consagrar escritores, poetas e artistas, aqueles cenáculos os lançam e animam. São os grandes salões literários do Ceará, onde dignamente se apresentam à gente culta do Estado, os valores antigos e os novos do Brasil.
Em 1958, a Casa de Juvenal Galeno oferecia à comunidade cearense, mais um grande serviço, com criação da Biblioteca, que partiu inicialmente dos livros pertencentes ao Poeta, depois foram incorporadas as bibliotecas de Mozart Monteiro e a de César Coelho. Atualmente a Biblioteca conta com um acervo de aproximadamente 20.000 livros nacionais e estrangeiros. Somente de autores cearenses, as bibliotecárias catalogaram umas 1.200 obras, fora os 3.256 folhetos e outros tantos periódicos. A Biblioteca da Casa de Juvenal Galeno, portanto, é um dos maiores acervos em obras que são verdadeiras relíquias da história das nossas letras, como mais uma grande opção para a pesquisa histórica, social e científica.
No Salão Júlia Galeno, existem móveis centenários de luxo, faqueiros de prata, conjunto de louças importadas (pertencentes a mãe de Juvenal Galeno), cristais e vários outros utensílios utilizados pela família Galeno.
Considerado o principal abrigo dos poetas que ainda não tem nome conhecido nos meios cearenses, a Casa de Juvenal Galeno sempre esteve de portas abertas a todas as manifestações , com destaque especial para novos, que sempre encontraram na Casa um espaço aberto para cantar as angústias, sonhos e anseios que bem caracterizam a alma poética. Em cada canto, em cada móvel da antiga Casa, a presença viva do grande poeta que dedicou sua obra literária aos versos populares, revelando-se uma inesgotável fonte de criatividade, através de versos puros de extrema sensibilidade, que perpetuaram o seu nome em todo o país.
a Ala Feminina
Ainda em 1936, Henriqueta criou, dentro da própria Casa, a Ala Feminina, com o objetivo de congregar a cultura da mulher cearense, que tinha na própria Henriqueta, um de seus nomes mais representativos. Na época, a iniciativa foi considerada bastante audaciosa, frente aos tabus que limitavam as atividades femininas, apenas à vida doméstica. A filha do poeta confirmava , mais uma vez o seu espírito empreendedor, de visão ampla e futurística, quebrando os preconceitos e dando à mulher cearense um espaço para dizer os seus dons, na poesia, na prosa, enfim na literatura em geral. Mais tarde em 1949 as sócias lançavam a revista “Jangada”, que circulou até setembro de 1954, servindo como meio de divulgação, não só das atividades da Ala, como de todos os empreendimentos da instituição.
Ao longo de sua existência, a Ala Feminina tem estabelecido intercâmbio cultural com vários estados do Brasil e do exterior. Durante muito tempo a entidade manteve coluna no extinto jornal “Correio do Ceará” que, juntamente com a revista Jangada divulgavam o nome de mulheres famosas nas letras, como Heloneida Studart, Maria de Lourdes Vasconcelos pinto, Evangelina Acióli, Risette Cabral Fernandes, Adísia Sá e tantas outras.
Atualmente a Ala conta com um número considerável de beletristas, que fazem da Casa de Juvenal Galeno um “organismo vivo”, atuando com destaque em diversos momentos da vida artística e cultural cearense.
Casa de Juvenal Galeno é hoje um dos maiores centros da cultura cearense, congregando várias entidades: Centro Cultural dos Cordelistas – CECORDEL, Comissão Cearense de Folclore, Cooperativa de Cultura do Ceará – COOPECULTURA, Associação de Ouvintes de Rádio – AOUVIR, Academia Feminina de Letras do Estado do Ceará - AFELCE, Associação dos Escritores Cearenses - ACE, Núcleo dos Amigos dos Mágicos do Ceará - NUAMAC e a Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, todas estas entidades realizam reuniões regulares e mantém intercâmbios com outros grupos e entidades afins, em quase todo o Brasil, divulgando o potencial artístico e cultural do Ceará.
Nesse espaço cultural foi criado em 1969 o Clube dos Poetas Cearenses pelo poeta Antônio Carneiro Portela – agremiação de jovens sonhadores que se reuniam aos sábados. Foi ali que diversos jovens – com talento para as letras – iniciaram, e hoje figuram na lista dos principais autores da literatura cearense. Dentre os jovens idealistas que frequentavam a Casa, destacam-se – Carneiro Portela, Márcio Catunda, Vicente Freitas, Guaracy Rodrigues, Mário Gomes, Stênio Freitas, Aluísio Gurgel do Amaral Júnior., Costa Senna, entre outros. A escritora Nenzinha Galeno, neta do ilustre poeta Juvenal Galeno, era uma das maiores incentivadores desse movimento sociocultural.
Hoje, apesar da cidade ter ganho novos espaços culturais, ainda é palco de reuniões de trovadores, cordelistas , folcloristas, repentistas, jornalistas, escritores e poetas.
A Casa de Juvenal Galeno localizada na Rua General Sampaio, 1128, no Centro, é aberta ao público diariamente das 8h às 17h, aos sábados de 8h às 12h e no segundo domingo de cada mês das 15h às 19h. A Casa é dirigida pelo bisneto de Juvenal Galeno, Dr. Antônio Galeno.

No Blog: Fortaleza em Fotos, no link abaixo, você passeia pela casa com a história em cada espaço. Aproveite, é um deleite!

2 comentários:

  1. Olá! Gostaria de saber como faço para adquirir o CD do GTC! Deixo meu email para respostas!!! ivantabosa@gmail.com

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    1. Olá, Ivan
      Também gostaria de saber... infelizmente, sua presidente na época, Elsenir colares está com Alzheimer, e tudo q tenho é um (pasme) único CD quando da minha participação.

      porém, uma vez obtendo mais informações entro em contato, certo?

      abraços fraternos

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